Defesa de jovem acusado de matar vereadora em Formigueiro diz que cliente teria sido pressionado a confessar o crime

A defesa do jovem de 19 anos, autor confesso do assassinato da vereadora Elisane Rodrigues dos Santos (PT), 49 anos, na noite do dia 16 de junho, no interior de Formigueiro, manifestou-se sobre o caso. O rapaz é defendido pelo advogado Felipe Raúl Haas, do escritório Haas Advocacia, de Porto Alegre. 

Na quarta-feira (16), o Ministério Público ingressou com a denúncia na Justiça contra o jovem e também contra a suposta mandante do crime, uma jovem de 26 anos. No mesmo dia, a juíza Lorena Rodrigues Ferreira Marchesini, substituta na 1ª Vara Judicial de São Sepé, aceitou a denúncia contra os dois, que passaram a ser réus por homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel, traição e recurso que dificultou a defesa da vítima.  

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A defesa informou que teve acesso parcial ao processo e que ainda busca o acesso às quebras de sigilo telefônico do cliente. Conforme Haas, o pedido foi atendido na última terça-feira (15), mas a equipe ainda não recebeu os materiais solicitados e que esse procedimento estaria sendo dificultado. 

Questionado sobre a relação do rapaz com a vereadora, o advogado informou que "há informações de que eram conhecidos e mantinham contato". Já em relação ao suposto envolvimento de ambos com o crime de abigeato (roubo de gado), o escritório afirmou que "sobre envolvimento do acusado com o crime de abigeato, informa a defesa que não existe sentença transitada em julgado em relação a este crime. O acusado é réu primário".

O suspeito está preso desde 21 de junho, quando teria confessado, em depoimento na Delegacia de Formigueiro, que matou a vereadora com pelo menos 10 facadas. No primeiro momento, ele havia sido levado ao Presídio de São Sepé, mas como "o local não teria condições de zelar pela segurança do jovem, foi encaminhado ao Presídio Estadual de Agudo", conforme o advogado.

Sobre a suposta confissão do crime, a defesa diz que "o jovem relatou que ter se sentido pressionado a confessar na delegacia". Questionada sobre a relação do rapaz com a jovem de 26 anos, que foi presa pela Polícia Civil na última quinta-feira (10) em Gravataí, apontada como a mandante do assassinato, afirmou que "mesmo já requerendo nos autos o acesso total à investigação, ainda não possui acesso às quebras de sigilo telefônico, a qual, localizou conversas de WhatsApp entre os acusados".

Sobre os próximos passos a serem tomados neste processo, Haas informou que "segue solicitando acesso amplo e irrestrito aos materiais que já foram judicializados, além de analisar o que foi colhido nas perícias digitais".

Facção criminosa

Segundo o MP, os dois denunciados presos fazem parte de uma organização criminosa responsável pelo tráfico de drogas na região de Formigueiro. De acordo com a denúncia, o homicídio teve como motivação desavenças relacionadas ao tráfico de drogas envolvendo uma facção criminosa da qual os acusados e a vereadora teriam vínculos. 

Elisane exerceria a função de “tesoureira” do grupo, sendo responsável pela movimentação financeira. Na noite do crime, ela foi atraída pelo jovem, que seria seu conhecido, até um local isolado, onde foi surpreendida e morta a facadas.

Conforme a Polícia Civil de Formigueiro, a vereadora recebeu mais de 10 golpes de faca. Em depoimento, o autor confesso afirmou ter jogado a arma usada no crime em um açude na localidade Rincão dos Machados. No entanto, mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Maria realizaram buscas por mais de três horas no local indicado, sem sucesso.

Relembre o caso

A vítima havia participado da sessão plenária que ocorreu na noite do crime, em 16 de junho. A Polícia Civil apontou que, no local do crime, nenhum objeto pessoal da vítima teria sido levado. Segundos as autoridades, foram encontrados no local a bolsa com carteira, celular, dinheiro e cartões de banco. 

Elisane exercia seu primeiro mandato na Câmara de Vereadores de Formigueiro pelo Partido dos Trabalhadores. Era a única mulher entre nove parlamentares.

Na mesma semana do crime, a Polícia Civil prendeu um jovem, então com 18 anos, que confessou a autoria do crime. O suspeito fez 19 anos em 4 de julho. O nome do investigado segue sem ser divulgado. 

Na época da prisão, o rapaz disse que o motivo para o crime teria sido uma suposta dívida do filho da vereadora, versão alterada posteriormente após a investigação criminal. A motocicleta do suspeito foi apreendida e passou por perícia para identificar se havia marcas de sangue no veículo. 

A acusada de ser a mandante, que segundo a polícia tem 26 anos (o Ministério Público informou que a ré tem 28 anos), foi presa em 10 de julho, em Gravataí. Ela seria moradora de Restinga Sêca, mas havia fugido para a cidade da Região Metropolitana. 

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